Thursday, May 08, 2008

TRAGÉDIA NO AMAZONAS
45 mortos e 26 desaparecidos

As buscas de ontem no Rio Solimões elevaram para 45 o número de mortos confirmados no naufrágio da embarcação Comandante Sales 2008, ocorrido no domingo na região de Manacapuru, distante cerca de 80km de Manaus (AM). De acordo com o Corpo de Bombeiros, os 11 corpos encontrados ontem estavam entre as cidades de Manacapuru, Iranduba e Manaus. As autoridades locais divulgaram que ainda restam 26 desaparecidos — cálculo feito a partir de depoimentos de sobreviventes e da procura de parentes por familiares.

No próprio domingo e na segunda-feira, as equipes localizaram 17 corpos. Outras 17 vítimas foram encontradas na terça. Até agora, 70 pessoas conseguiram ser resgatadas com vida. O Instituto de Medicina Legal (IML) de Manaus (AM) já identificou e liberou 34 corpos para os familiares das vítimas.

Sem documentação
O acidente ocorreu quando o barco saía da localidade de Lago Pesqueiro. Levava pessoas que participavam da chamada Festa do Divino. No momento do acidente, a embarcação estava se deslocando para Manacapuru. O barco não tinha lista de passageiros — devido a isso, não há certeza sobre o número de possíveis vítimas — nem documentação que permitisse o transporte de passageiros. Ele chegou a ser flagrado no início do ano, mas, sem ter como mantê-lo retido, a Capitania dos Portos liberou a saída da embarcação, com o compromisso de que o proprietário, Francisco Sales, o mantivesse parado enquanto a situação não fosse regularizada. Sales nada fez. E acabou morrendo no acidente de domingo.


Folha de São Paulo Irã é ameaça para América Latina, dizem EUA
Para diplomata, Teerã usa região para fustigar Washington; ministro colombiano ataca intenção "expansionista" de Chávez

O chefe da diplomacia americana para América Latina, Thomas Shannon, disse ontem que o Irã utiliza a região para romper o isolamento internacional e fustigar os EUA e que o país persa pode se tornar "um fator de violência" no continente.

Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, afirmou que o Irã, a quem os EUA acusam de apoiar terroristas, "encontra na América Latina uma forma de mostrar que pode se expressar". "É uma forma de atuar contra nós", disse, na conferência anual organizada pelo Conselho das Américas, que reúne empresas e investidores americanos com interesses na região.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem estreitado relações diplomáticas com a Venezuela de Hugo Chávez, principal voz antiamericana na região. Os dois países, em encontros com tom "antiimperialista", já assinaram cerca de 200 convênios num total de US$ 9 bilhões. No poder, Chávez já visitou seis vezes Teerã.

Ahmadinejad também tem se aproximado da Bolívia de Evo Morales, aliada de Caracas, país que visitou em 2007 para fechar acordos de cooperação.

Shannon afirmou que os serviços de inteligência dos EUA estão monitorando as conexões entre o partido e a milícia radical xiita Hizbollah, com base no Líbano, e grupos ilegais na região. Voltou a acusar o Irã de ter tido "um papel" no atentado terrorista em uma associação israelita que matou 85 pessoas em Buenos Aires, em 1994.

"Chamamos os serviços de inteligência e policiais [da região] a monitorar essas atividades, porque não queremos que o Irã se converta em fator de violência nas Américas", disse.

Bush e Colômbia
O presidente dos EUA, George W. Bush, também falou no encontro, nas instalações do Departamento de Estado americano, em Washington, e voltou a cobrar a aprovação do Tratado de Livre Comércio do país com a Colômbia, barrado pela maioria democrata no Congresso, e a criticar Chávez.

Defendeu o governo do aliado colombiano Álvaro Uribe, alegando que ele tem de lidar com a Venezuela, "um vizinho hostil e antiamericano", que "forjou uma aliança com Cuba e colabora com os terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)". Disse que o país oferece um "santuário seguro" à guerrilha.

As críticas a Chávez e aliados foram reforçadas pela dura palestra do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, para quem os governos "bolivarianos" são "neopulistas e autocráticos", não respeitam a propriedade privada e nem os direitos democráticos.

"O espectro de que falo é essencialmente expansionista e não hesitará em violar o princípio da não-intervenção, e usar vastos recursos, incluindo narcodólares", continuou o ministro, acrescentando que se o movimento tiver êxito, a região "retrocederá" décadas.

As declarações de Santos foram os ataques mais duros desde a crise diplomática na região, detonadas pelo bombardeio de Bogotá a um acampamento das Farc em território equatoriano e março.


Jornal do Brasil Lista de mortos aumenta para 41
Bombeiros estimam que outros 25 passageiros estejam desaparecidos

Manaus
O Corpo de Bombeiros confirmou ontem que 41 corpos de vítimas do naufrágio ocorrido na madrugada de domingo foram resgatados das águas do rio Solimões, no Amazonas. Equipes mantêm as buscas a outras vítimas.

De acordo com o setor de Comunicação dos bombeiros, foram resgatados os corpos de 22 homens, 18 mulheres e uma criança. Ao menos 33 já foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML).

O acidente aconteceu na localidade de Lago do Pesqueiro, na cidade de Manacapuru (AM), quando a embarcação transportava 80 pessoas, de acordo com a Marinha. Os bombeiros afirmam que uma lista não oficial aponta que entre 20 e 25 pessoas permanecem desaparecidas.

– É difícil precisar o número exato pois não havia um registro oficial de quantos passageiros o barco transportava – observa a secretária de Trabalho, Assistência Social e Habitação da prefeitura do município, Marta Regis Afonso.


O Estado de São Paulo Exército terá mais pelotões em áreas indígenas
Planalto quer mostrar que não há empecilho para entrada e atuação de militares em reservas
Tânia Monteiro e Vannildo Mendes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou ontem o Exército a instalar cinco novos pelotões de fronteira em terras indígenas, preferencialmente na Região Norte, na área da reserva Raposa Serra do Sol, vizinha à Guiana e à Venezuela. Isso elevará o número de pelotões dos atuais 24 para 29. “É o mínimo para uma implantação imediata. Mas será preciso instalar muito mais pelotões porque a área é muito rarefeita”, disse ao Estado o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Segundo ele, ao fim da reunião com Lula, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o comandante do Exército, Enzo Peri, ficou acertado que a Força apresentará o plano de criação dos pelotões dentro de 40 dias. “E a instalação é para acontecer em seis meses”, afirmou Jobim.

O governo decidiu ainda que vai inserir um artigo no Decreto 4.412, de outubro de 2002, que “dispõe sobre a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal nas terras indígenas”. O objetivo é deixar bem claro que não há empecilho de nenhuma natureza para a entrada, ocupação e operação do Exército nas áreas indígenas.

O Brasil não vai aceitar, por exemplo, a recomendação da Declaração dos Povos Indígenas, aprovada na Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado, segundo a qual será preciso autorização do Conselho Nacional de Defesa para o envio de tropas para as reservas. O Brasil assinou a declaração, apesar de ela falar em “autodeterminação” para os territórios indígenas. Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia não aprovaram o texto da ONU.

As decisões tomadas ontem são uma resposta ao questionamento feito por militares e civis em torno da ação de algumas organizações não-governamentais (ONGs) que chegam a barrar a entrada dos militares nas áreas indígenas. Em entrevista ao Estado, no dia 27 de abril, o deputado e ex-ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse ter presenciado ONGs fazendo isso no Norte do País.

DESARMAMENTO
De acordo com Tarso, o governo quer estender à população indígena da Raposa Serra do Sol a operação de desarmamento. A ofensiva já atingiu fazendeiros e jagunços, na segunda-feira, depois do conflito em que dez índios foram feridos a bala.

O ministro disse que a situação está sob controle e não há risco imediato de novo conflito, mas o governo se antecipará a uma eventual convulsão após a decisão final que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomará, nos próximos dias, sobre a demarcação da reserva. “Vamos desarmar toda a região, não só fazendeiros, mas índios e não-índios em geral, de modo a restabelecer a paz e a normalidade na área”, disse. “Se alguém for pego com arma será desarmado e responderá a processo legal.”

A posição do governo, segundo o ministro, continua sendo em favor da demarcação da reserva em área contínua, conforme estabelece o decreto de abril de 2005, mas enfatizou que qualquer que seja a decisão do STF ela será respeitada. “A decisão que o STF tomar será acatada como a posição do estado.”


O Estado de São Paulo ACIDENTE
Mais 12 corpos resgatados no AM
Já chegam a 46 os mortos em naufrágio no Rio Solimões, segunda maior tragédia no Estado em dez anos
André Alves

O naufrágio do barco Comandante Sales 2008, ocorrido na madrugada do domingo, no Rio Solimões, já é considerado o segundo maior dos últimos dez anos no Amazonas, em número de vítimas. O número de mortos deste acidente chega a 46. Ontem, as equipes de resgate que “varrem” o rio em busca de desaparecidos encontraram mais 12 corpos, alguns, a até 30 quilômetros do local em que ocorreu o naufrágio.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Antônio Dias, entre os 12 corpos encontrados ontem havia um homem e uma mulher que estavam juntos e foram resgatados a 20 quilômetros de distância do local do acidente. Outros corpos foram localizados perto do encontro dos Rios Negro e Solimões, próximo da Ceasa de Manaus (Central de Abastecimento do Amazonas), a 30 quilômetros de onde o barco Comandante Sales naufragou.

Ao todo, foram oito homens e quatro mulheres resgatados ontem. O coronel Antônio Dias acredita que os corpos encontrados a quilômetros de distância são de pessoas que tentaram se salvar, mas, sem saber para onde nadavam, acabaram indo para o meio do Rio Solimões, e foram levados pela correnteza. A embarcação Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do último domingo, às 5h45, antes do sol nascer.

Para o prefeito de Manacapuru, Washington Régis, cidade natal de todas as vítimas do acidente, o número total de passageiros mortos na tragédia poderá chegar a 50. Até ontem, a estimativa era de que pelo menos dez pessoas continuavam desaparecidas. Diariamente, mais queixas de parentes reclamando por familiares desaparecidos chegam à Prefeitura de Manacapuru e ao Corpo de Bombeiros.

NÚMEROS
Em quantidade de vítimas, o acidente com o barco Comandante Sales 2008 é inferior apenas ao naufrágio da embarcação Ana Maria VIII, que afundou no Rio Madeira em 1999, também no interior do Amazonas, deixando 52 mortos. A informação é do 9º Distrito Naval, responsável pela fiscalização de barcos na Amazônia Ocidental (Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre).

Nos últimos três anos ocorreram 50 naufrágios na Amazônia Ocidental, que vitimaram 64 pessoas. Ao todo, foram 132 acidentes (entre colisões e naufrágios) de 2005 a 2008, provocando 98 vítimas fatais. Só em 2005 houve 34 naufrágios na Amazônia Ocidental, segundo dados da Marinha. Em 2006, foram 9 e, no ano seguinte, 12. Com o naufrágio do Comandante Sales 2008 chega a dez o número de naufrágios só este ano na região.

A malha fluvial da Amazônia Ocidental mede, aproximadamente, 22 mil quilômetros. A Capitania dos Portos Fluvial da Amazônia Ocidental tem 550 homens para fiscalizar cerca de 16 mil embarcações legais que trafegam a região. Segundo o comandante da Capitania dos Portos, Dennis Teixeira, o número de agentes é suficiente para monitorar toda a região.

BUSCAS
As buscas por corpos de desaparecidos ainda conta com um batalhão de aproximadamente 100 homens, entre agentes da Marinha, do Exército, dos Bombeiros e das policiais Civil e Militar. Um helicóptero e 14 lanchas são usados na operação.


O Estado de São Paulo EUROPA
Russos mostram força em parada

O Kremlin planeja coroar a cerimônia de posse de Dmitri Medvedev com a tradicional parada militar anual, que celebra, amanhã, a vitória russa sobre a Alemanha nazista em 1945.

O desfile deste ano na Praça Vermelha será o maior desde a época da Guerra Fria, com aviões bombardeiros, canhões, lançadores de mísseis e colunas de tanques. Será a primeira vez desde 1990, um ano antes do colapso da União Soviética, que a parada apresentará artilharia pesada.

Os EUA afirmaram que não estavam preocupados com a parada militar russa. “Se eles querem pegar aqueles equipamentos velhos e levá-los para dar uma volta, que fiquem à vontade”, disse, na terça-feira, Geoff Morrel, secretário do Pentágono.

Segundo analistas, a gigantesca parada é uma demonstração de força de Moscou e também uma maneira de mascarar as atuais condições de seu Exército, cujo poderio e a mentalidade ainda estão muito ligados ao passado soviético.

“Eles vão exibir os equipamentos militares mais modernos que possuem, mas esses armamentos ‘de última geração’ são bastante obsoletos”, disse à agência ‘Reuters’ o general da reserva holandês Marcel de Haas, pesquisador do instituto Clingedael.

O poderio militar russo tem sido o motivo de atenção internacional. Moscou ameaçou, por exemplo, atacar a Geórgia se o país invadir regiões separatistas apoiadas pela Rússia, como a Abkházia.


O Estado de São Paulo SIDERURGIA
CSN investirá US$ 2,2 bi no Porto de Sepetiba
Steinbruch diz que a CSN vai se tornar a segunda maior siderúrgica do mundo em valor de mercado
Natalia Gómez e Mônica Ciarelli

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que hoje ocupa o quinto lugar no ranking siderúrgico mundial, anunciou ontem investimento de US$ 2,2 bilhões (R$ 3,7 bilhões, ao câmbio atual) na ampliação de suas instalações no Porto de Sepetiba, no Rio. O projeto, que estará concluído até 2013, visa atender ao aumento das exportações de minério de ferro e produtos siderúrgicos. Prevê até a construção de um porto privativo, já batizado de Lago de Pedra, tradução do tupi Itaguaí, município onde está localizado o porto.

O anúncio foi feito durante conferência com analistas do mercado financeiro para apresentação do balanço da companhia. No primeiro trimestre a CSN registrou lucro de R$ 767 milhões, uma alta quase inexpressiva em relação ao resultado do mesmo período de 2007, de R$ 763 milhões. Mas não suficiente para frear o entusiasmo do presidente da empresa, Benjamin Steinbruch, que chegou a prever para o segundo trimestre o melhor resultado de toda a história da companhia.
“Temos todas as matérias-primas compradas aos preços antigos e contaremos com os preços mais elevados de aço e minério de ferro”, disse. O direcionamento das vendas de aço para o mercado interno, que oferece melhores preços, ajudará a companhia. Ele calcula que o mercado de minério de ferro permanecerá aquecido até 2012, graças ao que classificou como um ciclo virtuoso na demanda mundial, impulsionado pela China e por outros países emergentes, como Índia, Rússia e Brasil. “Não vejo como a China poderia parar de crescer”, afirmou.

Steinbruch também assumiu o compromisso de levar a CSN à segunda colocação no ranking do setor, em valor de mercado, até o dia da apresentação dos resultados do segundo trimestre. Segundo ele, o que separa hoje a CSN da coreana Posco, segunda maior do mercado, é um valor de US$ 3 bilhões. A Posco tem valor de U$ 44,2 bilhões. “Temos essa obrigação, mas não é uma questão de criatividade. É a maturação dos investimentos realizados pela companhia”, disse.
Nos próximos quatro ou cinco anos, a empresa pretende chegar a US$ 90 bilhões de valor de mercado - a maior empresa do mundo no setor, a Arcelor Mittal, vale hoje US$ 144 bilhões. “Estamos vivendo um bom momento para o mundo por causa da entrada de novos consumidores”, afirmou.

PORTO
O porto privativo da CSN funcionará próximo ao Porto de Sepetiba, em uma área pertencente à companhia. O novo terminal terá investimentos de US$ 719 milhões, além de US$ 283 milhões em uma área de armazenagem. Segundo o diretor de portos e logística da companhia, Davi Cade, o porto terá como vantagem a distância em relação aos centros urbanos e a proximidade da ferrovia da MRS. “O porto privativo está em fase inicial de licenciamento”, disse.

Segundo Cade, o fato de o terreno pertencer à CSN torna o custo do projeto mais competitivo em comparação aos portos públicos. A capacidade anual será de 60 milhões de toneladas de minério de ferro, 12 milhões de toneladas de carvão e 11 milhões de toneladas de carga geral e produtos siderúrgicos.
O projeto inclui a construção de um centro de apoio logístico que ficará no arco que liga todas as rodovias que chegam ao Rio de Janeiro e próximo ao porto de Sepetiba.

CASA DE PEDRA
O diretor-financeiro da CSN, Otávio Lazcano, foi enfático ao afirmar que a empresa nunca se comprometeu oficialmente a fazer uma oferta pública de ações da Mina de Casa de Pedra. “Nunca houve uma data ou um pedido de registro da operação”, lembrou, dizendo que não há data para a oferta pública inicial e “nem sequer o compromisso em fazê-la”. O executivo explicou que até o momento a CSN apenas informou ao mercado financeiro sua intenção em estudar diversas opções que pudesse trazer valor para os ativos de mineração.


O Globo Urânio: país pode quebrar monopólio
Dilma diz que governo estuda entrada do setor privado no segmento nuclear
Gustavo Paul e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. O governo estuda a entrada da iniciativa privada no processo de produção e enriquecimento de urânio, com vistas às futuras usinas e térmicas nucleares a serem construídas no Brasil. A flexibilização do histórico monopólio estatal do setor foi admitida ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante o depoimento sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Comissão de Infra-estrutura do Senado. A ministra alertou que o país precisará incrementar o parque gerador nuclear, pois entre 2020 e 2030 o atual modelo energético, baseado na geração hidrelétrica e nas térmicas a gás, óleo e carvão, estará próximo do esgotamento.

A entrada do capital privado neste ramo é uma demanda de grandes empresas de mineração, como a Vale, que vai investir na Austrália. O empresário Eike Batista, dono da holding EBX, também já disse querer explorar o minério. Há no mundo um mercado potencial de US$12 bilhões de compra e venda de urânio, ávido por fornecedores, mas o monopólio estatal impede a entrada das empresas privadas no setor.

O Brasil detém a sexta maior reserva conhecida do planeta. E, nos últimos anos, a demanda internacional cresceu a tal ponto que se calcula que haja um déficit de cerca de 60 mil toneladas para atender aos interessados.

Usina de Angra 3 vai custar ao governo R$7,3 bilhões
Dilma disse que a construção da usina nuclear de Angra 3 está garantida e que outras virão, como já indica o planejamento do setor elétrico. As projeções comportam a existência de oito usinas no país até 2030.

- A gente acredita que mais de uma usina será necessária nos próximos anos.

Segundo ela, para atender à demanda, o governo deve contar com a ajuda privada:

- Existem alguns cenários que não só dizem respeito às usinas e à cadeia da energia nuclear: a produção, exploração e enriquecimento de urânio. E como se daria a participação, nesse caso, da iniciativa privada?

A ministra disse que o governo tem pressa:

- Tem de começar a fazer agora, porque, em média, uma usina demora de cinco a seis anos para ser feita.

No caso de Angra 3, usina que irá gerar 1.350 megawatts (MW) e vai custar R$7,3 bilhões, o governo aguarda a conclusão do estudo de impacto ambiental, que deve ficar pronto em junho. A data prevista para a conclusão da obra é maio de 2014.



O Globo Quebra-cabeça climático
Reduções nas concentrações de poluentes impõem secas severas na Amazônia
Roberta Jansen

Oequilíbrio climático na Floresta Amazônica é muito mais delicado e intrincado do que se imaginava. Novo estudo publicado na "Nature" mostra que, paradoxalmente, reduções nas concentrações atmosféricas de determinados poluentes extremamente maléficos à saúde humana e à do planeta podem exacerbar eventos de seca na região tão dramáticos quanto os registrados em 2005.

Assinado por cientistas britânicos e brasileiros, o estudo revelou que a diminuição do volume de partículas de dióxido de enxofre na atmosfera favorece a ocorrência de períodos mais secos - evento que pode ser letal para a floresta. Estima-se que, a partir de 2060, nove em cada dez anos sejam de secas intensas na floresta, o que levaria à rápida savanização preconizada para a área.

Mas que ninguém pense que o ar mais puro é indesejável, alertam Carlos Nobre e José Marengo, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), que participaram do estudo coordenado por Peter Cox, da Universidade de Exeter, no Reino Unido. Os poluentes fazem muito mal à saúde - são 3 mil mortes a mais por ano só na grande São Paulo, segundo a USP, por exemplo - e provocam chuvas ácidas. Para os especialistas, apesar de as partículas reduzirem um pouco o aquecimento global, seria "imoral" retardar a sua redução. Elas precisam ser eliminadas, asseguram.

Corte drástico de gás-estufa é a saída
A queima de combustíveis fósseis que contêm enxofre, como diesel e carvão, emite, além dos gases do efeito estufa, o dióxido de enxofre. Este gás, em reações químicas subseqüentes na atmosfera, se transforma em sulfato, um sal que reflete a luz. Ou seja, enquanto os gases-estufa fazem a temperatura global aumentar, o sulfato ameniza um pouco esse efeito ao refletir parte da luz do Sol de volta para o espaço. Essa redução seria de cerca de 0,5 grau Celsius em um século.

Esse efeito, mais intenso no Hemisfério Norte onde boa parte das termoelétricas queima carvão, levou a um resfriamento às águas do Atlântico Norte. Quando as águas desta parte do oceano estão mais frias, a floresta tende a ficar mais úmida. Entretanto, a redução das emissões de dióxido de enxofre - que vem sendo imposta justamente dados os seus malefícios - faz com que as águas apresentem temperaturas mais elevadas. A conseqüência desse intrincado desequilíbrio seria a ocorrência de mais períodos de seca na Amazônia. A única solução possível, dizem os cientistas, é a redução ainda mais drástica das emissões de gases-estufa.

- É uma interpretação errada do estudo achar que se deveria retardar a redução dos particulados; essa é uma maneira errada de olhar para o problema - alerta Carlos Nobre. - Não existe nenhuma justificativa ética possível para se retardar a limpeza do ar urbano. A solução é diminuir ainda mais rapidamente as emissões dos outros gases para compensar o efeito artificial dos aerossóis.

José Marengo concorda com o colega do Inpe:
- Certamente não se pode estimular a poluição no Hemisfério Norte. Estudos anteriores já demonstraram que com a redução significativa dos gases-estufa o efeito dos aerossóis se torna menos importante. Teríamos então menos secas porque haveria uma compensação.

Além dos malefícios à saúde, os poluentes também mascaram os efeitos do aquecimento do planeta, segundo Nobre:

- Os aerossóis estão mascarando o máximo impacto do aquecimento global; eles dão a ilusão de que o problema não é tão grave.



O Globo AMAZONAS
Nascente é localizada a 5 mil metros, nos Andes peruanos

Cientistas caminham pelo local em que localizaram a nascente do Rio Amazonas, nas montanhas Quehuisha, no Peru, 5.150 metros acima do nível do mar. Foram 12 anos de pesquisas, coordenadas pelo polonês Jacek Palkiewicz para que o ponto exato onde nasce o rio fosse apontado. O arroio Apacheta, no departamento (estado) de Arequipa, é a origem do mais caudaloso rio do mundo, segundo o estudo apresentado pela Sociedade Geográfica de Lima. Dessa forma, geólogos e geógrafos peruanos validaram as investigações feitas pelo explorador polonês, que empregou critérios hidrográficos e geomorfológicos para determinar o local. Os especialistas consideram que o estudo põe um ponto final à polêmica que já dura séculos sobre qual seria o verdadeiro manancial original do Amazonas. O local apontado pelos pesquisadores é diferente do ponto que até então se considerava como o mais provável para a nascente do rio - localizado a mais de 10 quilômetros das montanhas Quehuisha. Palkiewicz explicou que sua expedição seguiu o curso do rio "até as alturas andinas, eliminando afluentes e seguindo critérios geográficos" para identificar sua origem. Trata-se de um pequeno arroio que flui por uma camada de gelo subterrâneo.



Valor Econômico Lula decide criar mais postos militares na Amazônia

Após o acirramento dos conflitos na reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ontem que o governo federal vai aumentar o número de postos militares nas áreas fronteiriças da Amazônia. A orientação do presidente foi transmitida aos ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa), que deverão definir os números e os detalhes do texto do decreto a ser editado.

O ministro da Justiça negou que a decisão tenha sido provocada pela pressão das Forças Armadas, especialmente do Exército, após as críticas do comandante militar na Amazônia, general Augusto Heleno, que condenou a política indigenista do governo federal.

"Eu e o ministro Jobim vamos trabalhar para apresentar ao presidente Lula um decreto para a instalação de mais postos militares na Amazônia. Vamos constituir um programa de aumento desses postos", afirmou Tarso, depois de se reunir com Lula, Jobim e o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, no Palácio do Planalto.

No inicio da tarde de ontem, os índios deixaram a fazenda Depósito, na reserva Raposa/Serra do Sol, que havia sido ocupada na madrugada de segunda-feira. Uma funcionária da fazenda confirmou que os índios deixaram a área por volta das 13h30 e montaram novas tendas do outro lado da cerca.

O índio macuxi Dionito Souza, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), disse que os índios decidiram deixar o local até que o STF julgue as ações sobre a demarcação de terra da reserva. Segundo o CIR, os índios decidiram deixar a fazenda após reunião com representantes do Ministério da Justiça. A reserva é alvo de disputa entre índios e agricultores que cultivam arroz na região.

Após a decisão dos índios de desocupar a fazenda Depósito, na reserva Raposa/Serra do Sol, Tarso Genro negou que tenha ocorrido nos últimos dias um agravamento dos conflitos na região. Segundo ele, a tendência é de "distensão".

Otimista, o ministro disse que está convencido que após o julgamento das ações envolvendo a Raposa/Serra do Sol , será possível encerrar o impasse na região. "Vamos seguir a orientação do Supremo. Esta é uma posição de Estado", disse Genro.

O ministro-relator das 33 ações que tratam do assunto, Carlos Ayres Britto, do STF , disse ontem que concluirá seu voto até o fim da semana. Segundo ele, o esforço será para que o tema seja julgado pelo Supremo ainda este mês. Britto ressaltou que até a decisão do mérito, a liminar - que dá aos arrozeiros direito de ficar no local e determina que os indígenas não podem invadir as áreas em que vivem os produtores rurais - deve ser respeitada.

Para o ministro do Supremo, a Polícia Federal) e a Força Nacional de Segurança (FNS) atuaram corretamente na região, pois têm a atribuição de defender áreas federais.

"Toda atividade da Polícia Federal será pautada por dois parâmetros: a polícia não pode desalojar quem está região nem pode permitir que haja uma invasão da terra deles, porque, do contrário, os arrozeiros ficarão cercados na própria casa, convivendo com o inimigo", disse o ministro. "No mais, todo o cuidado e responsabilidade são do governo federal e das forças de segurança."

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